A Minha Noite de Natal...

Tive uma noite mágica.
Uma mesa com o suficiente para uma ceia bem quentinha, mas absolutamente normal onde não havia copos de cristal nem faqueiros de prata.
Doze ao todo porque as netas também já se assentam à mesa.
Uma confusão, passa-me o frango, põe-me batatas, quero um ovo e não sobrou nada.
Eram oito e meia e fui para a janela com as netas a ver se víamos chegar o Pai Natal.
Enquanto gritavam tá ali Bó, olha lá ao fundo, muito longe...foram pôr as prendas já devidamente numeradas e com a identificação de quem e para quem.
Toca o sino e
Bóoo é o sino dele
Eu não oiço sino nenhum
Oh Bó olha, olha ele já vai ali e tocou sim. Lá fomos a correr para a sala e foi a magia a instalar-se naqueles rostos tão surpreendentes, sobretudo quando a minha mãe lhes disse que tinha visto o Pai Natal e que teve que se ir embora para levar presentes a outras famílias. Também lhe tinha dito que para entregar as prendas seria com um jogo e mostrou as peças do Loto.
Bibó então vamos começar já tá bem?
E lá começamos com a minha mãe a tirar um número e elas irem buscar ao montinho e darem à mãe para saber para quem era:
Do Pai Natal da tia para a X, entregavam, mas ajudavam na abertura, faziam a festa, lançavam os foguetes e apanhavam as canas.
Foi de facto mais uma noite de Natal em beleza onde a magia, alegria, fraternidade, amizade e carinho superou o consumismo e o transbordar de mesas que hoje quando saí vi pelos contentores do lixo. Até bolos rei inteiros...que tristeza!

A certa altura e porque eu não sabia de nada, calhou uma prenda às duas, ocasionalmente a minha- dois leões pequenos de peluche. A mais velha teve o cuidado de dizer aos pais para guardar o dela, pois as duas podiam brincar com o mesmo, já que no colégio todos irão entregar uma prendinha que tiveram, para irem dando ao longo do ano a outras crianças com falta de tudo. O mesmo ocorre no aniversário e outras iniciativas, simples...tão simples mas num sentido de vida hoje tão invulgar.
Aí eu alvitrei que podiam ir os dois e que o Pai Natal até ia gostar. A mais nova ainda não percebe lá muito bem e já estava agarrada ao seu.
Gostaria que tivessem ouvido a conversa entre as duas...e o certo é que ela acatou e ambas no chão a tentarem embrulhar de novo. Foram ajudadas e ficou impecável.

Não se esqueceu e foi um teste digno de se ver e sentir: o da partilha!!!!

No final cada um de nós deu uma das que teve e no saco de natal feito pela minha filha irão doze prendas para o colégio porque Natal é todos os dias...