DESAFIO - No 52...já ninguém mora!
proposto pelo Finúrias
"No 52...já ninguém mora !"
Eu sentia que havia algo de anormal contigo, apesar de todos que te rodeavam dizer que eram coisas da minha cabeça.
Não, não era e pus-me a caminho onde as portas foram abertas. Depois de seis longas horas bem penosas, rodeada por oito médicos, ironicamente 52 vezes picada teria que aguardar pelo veredicto: se o que tinha sido descoberto fosse através do sangue, não haveria nada a fazer, se fosse através das urinas teríamos mulher.
Eras tão pequenina, tão indefesa e na saída sentei-me no último degrau de uma escadaria sem fim. Chorei e as minhas lágrimas molharam o teu rosto acalmando o teu gemer já que os teus bracinhos e calcanhares ficaram numa lástima!
Apesar de não ter dormido durante quatro dias e quatro noites e agarrada à esperança de que tudo iria dar certo, esperava o alô dos vários contactos que dei. Trabalhei o dobro porque é no trabalho que carrego baterias.
Ainda hoje é tão nítido o teu olhar meu amigo: Fatyly telefone...é para ti mulher e ainda hoje sinto o teu abraço por trás enquanto ouvia a frase mais bela que ouvi: venha amanhã de manhã, porque vamos ter MULHER! Desliguei, rodei e foi no teu peito que dei vazão a tanta dor sufocada e em peso a secção, advogados e directores envolveram-me numa bola humana!
A família emudeceu porque viram que eu tinha tido razão. Os meus pais foram os únicos que estiveram sempre presentes. Para os exames e vistorias estava no hospital às 6 da manhã e o meu pai era quem ia buscar a neta ao Rossio e a trazia para o infantário.
Da boca do pai nunca ouvi uma palavra amiga ou de força, nunca me acompanhou ao hospital, talvez tenha sido a forma que encontrou para o seu sofrimento interior. Nunca soube!
Mas para ela ainda hoje o avô é recordado como o pai presente mas ausente que teve.
Nunca faltei, mas se entrasse depois das onze, perdia o direito ao subsídio de almoço. Ao meu chefe (já falecido) devo os 15 ou 20 minutos que chegava atrasada.
Foram doze anos bem penosos onde a maioria dos exames eram feitos bem perto do hospital, ironicamente no nº. 52.
Tudo foi ultrapassado porque eu venci, tu venceste, eles venceram.
Hoje, apesar de "baixinha" és linda e a segunda flor mais bela do meu jardim! És o amor do teu amor que é tão alto como alto é o teu sentido de simplicidade ao enfratares a vida.
Voltei à rua que tantas vezes foi molhada por lágrimas e parei naquela porta que tão bem conhecia e com a mão pousada na mesma não me contive e chorei de olhos postos sei lá onde.
Senti uma mão no meu ombro...desculpe minha senhora...no 52... já ninguém mora!
(Escrevo sempre na primeira pessoa e este caso real foi-me muito difícil porque as lágrimas caiam pela cara abaixo e mal via as teclas. Levantei-me várias vezes para respirar fundo.
Um dias destes irei ter com o chefe da equipe que salvou a minha filha e trazer o enorme dossier que está guardado para mim)
Agora vou até à praia, porque estou de folga (gargalhadas)
"No 52...já ninguém mora !"
Eu sentia que havia algo de anormal contigo, apesar de todos que te rodeavam dizer que eram coisas da minha cabeça.
Não, não era e pus-me a caminho onde as portas foram abertas. Depois de seis longas horas bem penosas, rodeada por oito médicos, ironicamente 52 vezes picada teria que aguardar pelo veredicto: se o que tinha sido descoberto fosse através do sangue, não haveria nada a fazer, se fosse através das urinas teríamos mulher.
Eras tão pequenina, tão indefesa e na saída sentei-me no último degrau de uma escadaria sem fim. Chorei e as minhas lágrimas molharam o teu rosto acalmando o teu gemer já que os teus bracinhos e calcanhares ficaram numa lástima!
Apesar de não ter dormido durante quatro dias e quatro noites e agarrada à esperança de que tudo iria dar certo, esperava o alô dos vários contactos que dei. Trabalhei o dobro porque é no trabalho que carrego baterias.
Ainda hoje é tão nítido o teu olhar meu amigo: Fatyly telefone...é para ti mulher e ainda hoje sinto o teu abraço por trás enquanto ouvia a frase mais bela que ouvi: venha amanhã de manhã, porque vamos ter MULHER! Desliguei, rodei e foi no teu peito que dei vazão a tanta dor sufocada e em peso a secção, advogados e directores envolveram-me numa bola humana!
A família emudeceu porque viram que eu tinha tido razão. Os meus pais foram os únicos que estiveram sempre presentes. Para os exames e vistorias estava no hospital às 6 da manhã e o meu pai era quem ia buscar a neta ao Rossio e a trazia para o infantário.
Da boca do pai nunca ouvi uma palavra amiga ou de força, nunca me acompanhou ao hospital, talvez tenha sido a forma que encontrou para o seu sofrimento interior. Nunca soube!
Mas para ela ainda hoje o avô é recordado como o pai presente mas ausente que teve.
Nunca faltei, mas se entrasse depois das onze, perdia o direito ao subsídio de almoço. Ao meu chefe (já falecido) devo os 15 ou 20 minutos que chegava atrasada.
Foram doze anos bem penosos onde a maioria dos exames eram feitos bem perto do hospital, ironicamente no nº. 52.
Tudo foi ultrapassado porque eu venci, tu venceste, eles venceram.
Hoje, apesar de "baixinha" és linda e a segunda flor mais bela do meu jardim! És o amor do teu amor que é tão alto como alto é o teu sentido de simplicidade ao enfratares a vida.
Voltei à rua que tantas vezes foi molhada por lágrimas e parei naquela porta que tão bem conhecia e com a mão pousada na mesma não me contive e chorei de olhos postos sei lá onde.
Senti uma mão no meu ombro...desculpe minha senhora...no 52... já ninguém mora!
(Escrevo sempre na primeira pessoa e este caso real foi-me muito difícil porque as lágrimas caiam pela cara abaixo e mal via as teclas. Levantei-me várias vezes para respirar fundo.
Um dias destes irei ter com o chefe da equipe que salvou a minha filha e trazer o enorme dossier que está guardado para mim)
Agora vou até à praia, porque estou de folga (gargalhadas)
23 Comments:
Oh Fatyly!!
Chiii! A vida dura, fortalece-nos, mas não era preciso ser tão dura.
Um beijo para ajudar a secar essas lágrimas.
beijinho muito grande
Logo ao começar a ler sente-se que é real.
Há coisas que não dão para ficcionar.
Só consigo escrever que cada vez te admiro mais!
Beijocas*
Que posso eu dizer, se não, que te deixo um carinhoso beijo e o meu silêncio emocionado...
vais à praia??!!
Com aquela água gelada??!!
Brrrrr...é de quebrar os ossos!
Que texto, Fatyly! Saíu-te do coração, não foi?
Um beijinho.
Não sei o que dizer...
marta
foi sim, muito dura e relembrar certas etapas pergunto-me como aguentei. Houve alturas que as lágrimas secaram como os primeiros 7 meses da mais velha no meio da guerra, fome...muita fome!
Wind
De facto não foi ficção, mas durante esses doze anos, por vezes pensava estar inserida num filme dramático, mas com cenas bem hilariantes, muito carinho e dedicação daquela equipe de médicos. Na altura por ter sido caso único registado em Portugal ela serviu de cobaia com o meu pleno consentimento e o processo dela andou nos mais diversos colóquios de investigadores nacionais e internacionais. Eu tenho os olhos grandes e ela tem igual e ternamente foi apelidada por eles como a nossa laranginha com olhos. Nasceu com 48 cm e 2,250kg e dos 3 meses aos 8 meses não cresceu nada nem engordou, não tinha reacção a nada e o pediatra atribuia ao facto de ela ter usado um aparelho por ter nascido com as ancas mal formadas. Foi no ano em que ela nasceu 1981 que passou a ser obrigatório esse teste à nascença, que não detectado a tempo, só é visivel quando começam a andar e estão sempre a cair. Usou desde o 13º dia e tirou aos sete meses.
Mas algo soava em mim tal como os tambores na selva africana, não cruzei os braços e pelos meus meios fui na hora, momento e dia certo! Não era nada genético, já que o que ela teve foi uma acidose tubelar renal, ou seja não absorvia os bicarbonatos, sais e vitaminas necessárias para o desenvolvimento no primeiro ano de vida! Comer e beber era a mesmissima coisa se não fizesse, casos que surgem (na altura também poucos) nos bebés dos países onde se morre à fome. Morrem pela fome, mas poucos acusam este palavrão!
És um doce, mas há tantas mulheres como eu que para tal basta acreditar, ter força e nunca baixar os braços e a voz:))))
Peciscas
Nestas tuas palavras encontrei o que sempre tive por parte de colegas, dos meus pais e de toda a gente que tocou na minha filha - beijos e silêncios emocionados que valem por mil palavras.
mfc
pensava eu que estava de folga né????
já ia em direcção à praia, com o meu livro e com uma vontade enorme de passear descalça à beira mar (qual quebra ossos, qual quê!!!), mas com o toque do telemóvel parei. Mãeeeee? sim filha! Onde estás? vou a caminho da praia grande, porquê? Ohhhh mãezona seria pedir-te muito se fosses buscar as tuas netas é que estou aqui no laboratório e...OK filha, vou já e calha em caminho! Parou outra vez, sim? sogrita? sim lindo diz. Era para...já sei vou buscá-las e podes chegar à mesma hora, porque perdido por 10, perdido por 100. Gosto muito de si, também eu rapaz...fica tranquilo!
Lá fui, levei-as para casa, dei-lhes banhoca, paparoca, tomei banho de pera triturada que a mais nova resolveu atirar à irmã...enfim...e só vim agora cansada de tanta brincadeira:))))
Mas amanhã tenciono ir porque é feriado aqui e elas ficam com a mãezinha delas LOLLL
Torquato...saiu sim, mas gostaria de poemar como tu e escrever como tantos e tantas:))))
A todos um grande beijão e o meu maior agradecimento por me aturarem!
um texto sentido e sofrido, dá para perceber.
tudo fica bem quando acaba bem... especialmente se as pessoas são de boa fibra e não desistem nunca!
beijinho.
é por estas que eu gosto muito de ti, ete estimo muito, abraço, muito grande.
fernando
Merci, merci, merci por este prémio (e nem sou gaja!)
Responderei a seguir!
kiss, kiss e bom fim-de-semana! :-)
elipse
é isso mesmo "desistir nunca"
Fernando
oh rapaz e tu já deves ter ouvido esta história milhentas de vezes e eu também gosto muito de ti
Francis
claro que não és, e o prémio do post abaixo é uma brincadeira e um bom fim de semana
Beijocas a todos
Bela partilha !
Obrigado Fatyly
Um beijo
Um Abraço
...e boa folga :)
Tize:))) uma beijoca
Caramba Faty. E eu aqui tão perto e nem te via, nem era tua amiga. Abençoada net que me aproximou de ti. Hoje és a melhor amiga que tenho, além das minhas irmãs.
Um beijo grande. Bia
Olá vizinha:)))))
Tu não me faças chorar ximmmm???
Logo quando formos passear conversamos.
Inté amiga *****
Só te posso dizer que te fico a admirar mais!
... só isso...
Beijo!
betty uma grande beijoca:)))
Eu não te admiro, Mãezona. Eu Amo-te com esse amor de filha que é tão meu. Eu que tenho uma mãe maravilhosa, amo-te porque também te tenho e estás aí,ao tempo que estás aqui, em mim, sempre.
Um beijo grande porque todos os beijos quando dados com carinho são eternos, únicos.
Sou duplamente feliz, duplamente filha.
Não vou dizer-te mais nada, não preciso.
Sei bem que me adivinhas e sabes o quanto eu gosto que o faças.
Adoro-te, Mãezona Mai Linda!
Sem dúvida um post que não é um desafio mas um partilhar duma emoção como só tu fazes tão bem!
Para sempre, tua fiota, Cris.
A Avó Edu manda-te mil beijos.
Nas férias vamos dar umas boas gargalhadas, meu Amor, já está prometido e combinado com um outro dos meus encantos, a minha prima Maria João.
Oiiiiiiii fiota linda e obrigado pela tua presença com palavras tão doces. Dá um xi muito apertadinho à avó Edu:))))
lb muito obrigado pelas tuas palavras e logo tu que fotografas as palavras.
Um grande beijinho
fatyly... as lagrimas correm cara abaixo a emoção não contida.
Es uma MULHER como gostaria de ser.
beijos
psique obrigado, mas nunca deixes de gostar de seres como és que o resto vem por si só!
Beijocas
Por isso é que eu gosto de vir «roubar» as palavras e as emoções que encontro nesta Cubata.
Obrigada pela partilha
Carla
Enviar um comentário
<< Home