sexta-feira, agosto 24, 2007

António Aleixo


















Co'o mundo pouco te importas
porque julgas ver direito.
Como há-de ver coisas tortas
quem só vê o seu proveito?

De vender a sorte grande,
confesso, não tenho pena;
que a roda ande ou desande
eu tenho sempre a pequena.

És feliz, vives na alta
e eu de ratos como a cobra.
Porquê? Porque tens de sobra
o pão que a tantos faz falta.

Quem nada tem, nada come;
e ao pé de quem tem comer,
se disser que tem fome,
comete um crime, sem querer.

Eu não tenho vistas largas
nem grande sabedoria,
mas dão-me as horas amargas
Lições de Filosofia.

Que importa perder a vida
em luta contra a traição,
se a razão, mesmo vencida
não deixa de ser Razão.

Embora os meus olhos sejam
os mais pequenos do Mundo,
o que importa é que eles vejam
o que os homens são no fundo.

António Aleixo

6 Comments:

Blogger wind said...

Gosto muito destas quadras de Antóno Aleixo, tinham sabedoria popular e política.
beijocas*

25/8/07 00:00  
Anonymous Anónimo said...

António Aleixo, dedicou este poema ao Sócrates.

25/8/07 08:26  
Anonymous Anónimo said...

Olá Fatyly!

Agora o António Aleixo deixou-me a pensar!!!

Mil beijinhos e ainda bem que gostaste do desafio!

Cleo

25/8/07 15:49  
Anonymous Anónimo said...

Hummmm..interessante!Muito!

Não conhecia, mas gostei!

Beijinhos
Julio Cesar

25/8/07 18:47  
Blogger Fatyly said...

Um Algarvio fantástico que via o que muitos julgavam ser miragem.

Obrigado a todos!
Beijinhos

26/8/07 22:50  
Anonymous Anónimo said...

E como é difícil ver lá bem no fundo!!!!
Lindas palavras
Carla

28/8/07 17:01  

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