António Aleixo
Co'o mundo pouco te importas
porque julgas ver direito.
Como há-de ver coisas tortas
quem só vê o seu proveito?
De vender a sorte grande,
confesso, não tenho pena;
que a roda ande ou desande
eu tenho sempre a pequena.
És feliz, vives na alta
e eu de ratos como a cobra.
Porquê? Porque tens de sobra
o pão que a tantos faz falta.
Quem nada tem, nada come;
e ao pé de quem tem comer,
se disser que tem fome,
comete um crime, sem querer.
Eu não tenho vistas largas
nem grande sabedoria,
mas dão-me as horas amargas
Lições de Filosofia.
Que importa perder a vida
em luta contra a traição,
se a razão, mesmo vencida
não deixa de ser Razão.
Embora os meus olhos sejam
os mais pequenos do Mundo,
o que importa é que eles vejam
o que os homens são no fundo.
António Aleixo
6 Comments:
Gosto muito destas quadras de Antóno Aleixo, tinham sabedoria popular e política.
beijocas*
António Aleixo, dedicou este poema ao Sócrates.
Olá Fatyly!
Agora o António Aleixo deixou-me a pensar!!!
Mil beijinhos e ainda bem que gostaste do desafio!
Cleo
Hummmm..interessante!Muito!
Não conhecia, mas gostei!
Beijinhos
Julio Cesar
Um Algarvio fantástico que via o que muitos julgavam ser miragem.
Obrigado a todos!
Beijinhos
E como é difícil ver lá bem no fundo!!!!
Lindas palavras
Carla
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