quarta-feira, março 14, 2007

António Lobo Antunes-vencedor do Prémio Camões 2007

















O Prémio Camões 2007, o mais importante galardão literário da língua portuguesa, no valor de 100 mil euros, foi atribuído esta quinta-feira ao escritor português António Lobo Antunes.

O júri deste ano reuniu-se na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, no Brasil, e foi constituído por Francisco Noa (Moçambique), João Melo (Angola), Fernando J.B.Martinho (Portugal), Maria de Fátima Marinho (Portugal), Letícia Malard (Brasil) e Domício Proença Filho (Brasil).

O prémio Camões foi criado em 1988 pelos governos de Portugal e Brasil para estreitar os laços culturais entre os vários países lusófonos e valorizar o património literário e cultural da língua portuguesa.

Diário Digital / Lusa
14-03-2007 19:03:00

Biografia:

Romancista. Proveniente de uma família da grande burguesia portuguesa, licenciou-se em Medicina, com especialização em Psiquiatria. Exerceu a profissão no Hospital Miguel Bombarda em Lisboa, dedicando-se desde 1985 exclusivamente à escrita. A experiência em Angola na Guerra Colonial como tenente e médico do exército português durante vinte e sete meses (de 1971 a 1973) marcou fortemente os seus três primeiros romances.
Em termos temáticos, a sua obra prossegue com a tetralogia constituída por A explicação dos pássaros, Fado alexandrino, Auto dos Danados e As naus, onde o passado de Portugal, dos Descobrimentos ao processo revolucionário de Abril de 1974, é revisitado numa perspectiva de exposição disfórica dos tiques, taras e impotências de um povo que foram, ao longo dos séculos, ocultados em nome de uma versão heróica e epopeica da história. Segue-se a esta série a trilogia Tratado das paixões da alma, A ordem natural das coisas e A morte de Carlos Gardel - o chamado “ciclo de Benfica” -, revisitação de geografias da infância e adolescência do escritor (o bairro de Benfica, em Lisboa). Lugares nunca pacíficos, marcados pela perda e morte dos mitos e afectos do passado e pelos desencontros, incompatibilidades e divórcios nas relações do presente, numa espécie de deserto cercado de gente que se estende à volta das personagens.
António Lobo Antunes começou por utilizar o material psíquico que tinha marcado toda uma geração: os enredos das crises conjugais, as contradições revolucionárias de uma burguesia empolgada ou agredida pelo 25 de Abril, os traumas profundos da guerra colonial e o regresso dos colonizadores à pátria primitiva. Isto permitiu-lhe, de imediato, obter um reconhecimento junto dos leitores, que, no entanto, não foi suficientemente acompanhado pelo lado da crítica. As desconfianças em relação a um estranho que se intrometia no meio literário, a pouca adesão a um estilo excessivo que rapidamente foi classificado de "gongórico" e o próprio sucesso de público, contribuíram para alguns desentendimentos persistentes que se começaram a desvanecer com a repercussão internacional (em particular em França) que a obra de António Lobo Antunes obteve.
Ultrapassado este jogo de equívocos, António Lobo Antunes tornou-se um dos escritores portugueses mais lidos, vendidos e traduzidos em todo o mundo. Pouco a pouco, a sua escrita concentrou-se, adensou-se, ganhou espessura e eficácia narrativa. De um modo impiedoso e obstinado, esta obra traça um dos quadros mais exaustivos e sociologicamente pertinentes do Portugal do século XX.
A sua obra prosseguiu numa contínua renovação linguística, tendo os seus últimos romances (Exortação aos Crocodilos, Não entres tão depressa nessa noite escura, Que farei quando tudo arde?, Boa tarde às coisas aqui em baixo), bem recebidos pela crítica, marcado definitivamente a ficção portuguesa dos últimos anos.
Títulos
Segundo Livro de Crónicas
Não Entres Tão Depressa Nessa Noite
Livro de Crónicas
O Esplendor de Portugal Memória De Elefante (1979)
Os Cus De Judas (1979)
Conhecimento Do Inferno (1980)
A Explicação Dos Pássaros (1981)
Fado Alexandrino (1983)
Auto Dos Danados (1985)
As Naus (1988)
Tratado Das Paixões Da Alma (1990)
A Ordem Natural Das Coisas (1992)
A Morte De Carlos Gardel (1994)
Crónicas (1995)
O Manual Dos Inquisidores (1996)
O Esplendor De Portugal (1997)
Que farei quando tudo arde (2001)
Boa tarde às coisas aqui em baixo (2003)
Eu Hei-de Amar uma Pedra (2004)
A História do Hidroavião (2005)
Sobre a Mão e Outros Ensaios (2005)
D'este viver aqui neste papel descripto - Cartas da Guerra (2005)
Terceiro Livro de Crónicas (2006)
Ontem não te vi em Babillónia (2006)

daqui

6 Comments:

Blogger ivamarle said...

dele, gosto sobretudo das crónicas; tenho dificuldade em ler os romances, pois ele perde-se nos labirintos do seu EU, que por vezes não consigo acompanhar...
Concordo que o prémio é merecido ;-)

15/3/07 11:10  
Blogger Lúcia said...

cus de judas, memória de elefante, conhecimento do inferno.
esses li, os outro não consegui acabar.

um dia destes talvez tente ler os últimos.

15/3/07 11:25  
Blogger psique said...

Bonita homegagem, premio merecido...

beijos

15/3/07 12:47  
Blogger wind said...

Li alguns dele e gostei muito:)
beijocas

15/3/07 13:45  
Blogger Fresquinha said...

Estou como a Lúcia. Os que gostei mais foram os primeiros. E sou fã. Acho que é o melhor escritor português destes tempos.

15/3/07 18:31  
Blogger Fatyly said...

Também li um ou dois, mas prefiro as crónicas.

De qualquer forma achei bem entregue!

beijocas

15/3/07 19:02  

Enviar um comentário

<< Home