segunda-feira, março 12, 2007

Vasculhando sotãos

Teu Nome, Um Poema...

…um dos Meus Maiores Encantos!

Não voltes a falar-me de esperança (de vida), ou volta, já que me encanta ouvir-te, mas sem lhe dares, sequer, um nico que seja da tua vida, entendeste bem?
Poucas vezes te falo neste tom, repara, mas viraste-me do avesso!
Dizia até ontem que tinhas todos os direitos, mas, esse? Não tens!
Preciso de ti, não preciso que me recordes da cor que não quero usar, que nos separa.

Tu viste o que eu cresci quando a tua metade foi embora?
Fazes lá ideia do que se sente quando se olha depois, lá mais de cima!
Fazes lá ideia do que é tentar manter o equilíbrio, quando o suposto é estar tudo no seu lugar!
De repente, sem qualquer aviso, vemo-nos assim, a vacilar, tem que não te tens, prestes a cair!
Fazes lá ideia do que é estar num patamar com vista para aquela cor de que voltaste a falar hoje! Não quero crescer mais, não quero!
E não tens o direito porque simplesmente eu não te concebo assim a falar nesse tom verde baço, sem viço.

Faço lá ideia do que será, chegar ao topo, ser enorme, mas não conseguir ver(-te).
Não faço e não quero.
Deixa-me estar nesta espécie de cegueira que não é impedimento, que é, antes de mais, a defesa que encontrei para me iludir.
Quero-me pequena, quero olhar e saber que te encontro sempre, ali, grande, pronta para o enlace que fizemos tão nosso.
Hoje, mais do que nunca, não quero ver-te chorar, perdoa-me.

Permite que te fale eu de uma outra cor, que não desse verde esbatido, que fez com que aquele nosso almoço se tornasse tão ausente de calor.
Entre nós haverá sempre vermelho!
Entre nós não há patamares, há uma janela, ou, se preferires, tudo bem, que seja um patamar, mas que ele tenha também a porta para que possamos entrar ou sair, assim nos dê vontade.
É para ti que falo, é de ti que preciso.
Contigo alcanço a outra tua metade, e ao ver-te completa, completo-me.
Fala-me das outras cores, da dos teus olhos, fala-me da forma como me olhas, mas desse verde, não.

Já não estou com o mesmo tom de voz.
Eu era lá capaz de te repreender! É que não gosto de te ver chorar, tu sabes que não.
Adoro sentir-te comigo e quando se intromete algo que não nos faz qualquer falta porque incomoda, nos põe mal, já sabes que me passo.
Vês que já estás melhor?
Só falta mesmo que te peça um mimo.
Deixa que te olhe daqui de baixo a ver-te sorrir, enquanto esperas que eu chegue e me junte a ti, na janela do nosso abraço, essa, que, todos os dias, abres para mim.

Emociona-se o céu e num suspiro comovido...
Dilui-se em mil cordões que vão pendendo
Um a um sobre um Ser tão belo!
Abrem-se os olhos das nuvens
Radiosas,
Dançando a música da primeira madrugada...como
Anjos loiros, querubins rosados...

Lançam aromas de frutos silvestres sobre
Um prado que se prepara para se juntar ao doce bailado, com
Cânticos, com voz de poema, tão subtil como
Aquele Ser tão belo que continua calmo, sereno...
Soltam-se bandos de pássaros que o acompanham em chilreios.

Falava-te dum sonho, da paisagem mais bela, do
Riso das estrelas cadentes...Falava-te da festa que faria,
A que te daria se a pudesse suster,
Dourada, na planície das minhas mãos abertas
Em mil flores da cor dos teus olhos meigos, maternos!

Irias repousar então, embalada num colo que me ensinaste
Só teu, Mãe!...Só teu!...
Aquele Ser tão belo eras tu...aquele
Bailado doce era o meu sonho, o meu presente para ti...
E tudo o mais: os anjos, os olhares das nuvens, o suspiro do céu, o
Leve bater de asas dos pássaros...as grinaldas que ornariam teu olhar de Mãe!

publicado por encanto 11 de Março de 2007

6 Comments:

Blogger psique said...

ja o li no encanto dela. e encantada fiquei...

13/3/07 10:23  
Blogger Toze said...

Tem sido gratificante ter descoberto os escritos da Cris !

13/3/07 11:13  
Blogger wind said...

Belíssimo!
beijos

13/3/07 11:16  
Anonymous Anónimo said...

Vou falar para todos, ´tá, Mãezona?
Claro que já sabes o quanto eu adoro a minha mãe, a D.Edu como lhe chamam, muito ternamente, as minhas filhotas.
Falamos de tudo, tudo, e, a relação que mantemos, é de amigas, de confidentes.
Já era assim com o meu Pai (de uma forma mais cúmplice, já que partilhávamos a mesma profissão).
Com a minha mãe? Com ela é delicioso!
Não há segredos, não há nada que me esquive a dizer-lhe e o recíproco é igual.
Só que, tal como comigo, e, suponho, com todos acontece, há alturas em que apetece tudo, menos falar de algo que nem vou aqui repetir, porque me apavora.
Pois aquela "menina" que andou meio adoentada (nós esquecemo-nos de que já tem 80 anos, porque ninguém lhos dá, juro que é verdade!) encheu-se de uma tal tristeza que foi dizer-me, logo naquele almoço em que eu estava por um fio para desatar a chorar, que a esperança de vida, nas mulheres, por um estudo que esteve a ler, era de 81 anos. Assim sendo, já pouco faltava... Não a deixei acabar! Passei-me, exaltei-me de tal forma que lhe disse mesmo que se ela fosse minha filha, lhe enfiava duas "bofas". Que jamais repetisse aquilo!
Bolas, vocês fazem ideia do que aquela senhora representa para todos e cada um de nós?
Imaginem que, ao fim destes anos todos a cozinhar, a tratar de tudo (era educ de infancia, mas, quando casou, optou por ser mãe, tal a vontade que tinha de ter filhotes) me pergunta o que é que eu quero que ela faça para eu almoçar.
Haviam de ver a ternura com que prepara as merendinhas para as meninas(agora mais para a Ritoca).
É incansável!
Faz-me lembrar, tu, Faty, sabes?
Toda refilona(rsss) mas com um coração de manteiga do tamanho deste mundo e de todos os outros.
Aquilo "bateu-me" de tal forma que nem vos digo!
Cheguei ao banco de todo!
Mas quando, no final da tarde, passei para lhe dar aquela beijoca, ela presenteou-me com um sorriso de orelha a orelha e estivemos a curtir uns pontos de crochet para o enchoval das netas :-)
Mas vos garanto! Quando ela cá vier, vou mostrar-lhe o blog, tal como faço sempre, e até quero ver o que me dirá...
Pronto, meus doces, vocês não me conhecem, mas a minha Mãezona, a nossa Fatyly, já sabe como sou.

Bigada por tudo e adorei que tivessem partilhado comigo este bocadinho.
Por vezes digo que a vida é muito insípida, que nos prega partidas, mas depois temos assim estas Mães Nitas e tudo passa!
Até mais que já falei pelos cotovelos.
Apareçam no blog quando quiserem. A porta está sempre aberta, sempre!
Beijitos a todos e para ti, Mãezona mais Linda: Adoro-te!
Tua fiota, Cris

Ah!
A Tai já anda na rua, sabias? Ia com o meu sobrinho Pedro, o irmão.
Fiquei babadíssima!
Ela está tão linda que nem sonhas!
O cabelo está curtinho mas fica-lhe a matar!
Puxa! Que vaidade eu tenho naquela miúda!
O que ela passou e como venceu, já viste?

13/3/07 20:31  
Blogger peciscas said...

Como eu me emociono com estes relatos tão íntimos.
Eu que ainda dedico mutos dos meus pensamentos e dos meus escritos à Maria José, minha Mãe, que partiu há três anos.

13/3/07 22:24  
Anonymous Anónimo said...

Há anos que acompanho a escrita da Cris ainda de uma já extinta comunidade de poesia. Segundo diz, tenho a garra da mãe dela, mas minha amiga eu chegar aos 81???? hummm a ver vamos. Quanto à nossa Tai irá continuar no caminho das vitórias ao som dos seus Deepeche Moode lolll

Tozé só agora? ai lindo desencantei-vos no mesmo buraco poético ahahahahahah

Peciscas e fazes bem em continuar a escrever.

Wind e psique...de facto:):)

Obrigado a todos pela vossa presença sempre tão gratificante.

Beijos

14/3/07 08:54  

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