domingo, março 23, 2008

Livro - Os Retornados








Sinopse:

Outubro, 1975. Quando o avião levantou voo deixando para trás a baía de Luanda, Carlos Jorge tentou a todo o custo controlar a emoção. Em Angola deixava um pedaço de terra e de vida. Acompanhado pela mulher e filhos, partia rumo ao desconhecido. A uma pátria que não era a sua. Joana não ficou indiferente ao drama dos passageiros que sobrelotavam o voo 233. O mais difícil da sua carreira como hospedeira. No meio de tanta tristeza, Joana não conseguia esquecer o olhar firme e decidido de Carlos Jorge. Não percebia porquê, mas aquele homem perturbava-a profundamente. Despertava-a para a dura realidade da descolonização portuguesa e para um novo sentimento que só viria a ser desvendado vinte anos mais tarde. Foram milhares os portugueses que entre 1974 e 1975 fizeram a maior ponte área de que há memória em Portugal. Em Angola, a luta pelo poder dos movimentos independentistas espalhou o terror e a morte por um país outrora considerado a jóia do império português. Naquela espiral de violência, não havia outra solução senão abandonar tudo: emprego, casa, terras, fábricas e amigos de uma vida.
.......
Obrigado Júlio Magalhães por esta obra...tu com 16 e eu com 26 e uma filha de 6 meses.

13 Comments:

Blogger O Profeta said...

Mulher da ilha é solidão
É espera do vapor da madrugada
É aroma de milho em mesa de pão
É pio de milhafre, alma assombrada

Mãe em ninho feito de frias pedras
Por duras mãos cheias de jeito
Não sei se de ti brota um morno leite
Ou escorre rubra lava do teu peito


Uma Santa Páscoa


Terno beijo

23/3/08 12:48  
Blogger wind said...

Foi de facto uma independência muito mal dada e quem sofreu foram os "retornados", que ficaram a maior parte sem nada, só com a roupa que tinham vestido.
Lamentável:(
Beijocas

23/3/08 13:15  
Anonymous Anónimo said...

Olha a Rainha anda a ler esse livro.:-) Que giro!:-)
Não deve ter sido nada fácil Fatyly,e eu tenho 1 grande admiração por todos os q conseguiram sobreviver e recomeçar tudo do zero.
Deixo-te aqui 1 beijinho especial.
A Páscoa foi boa?Comeste muitos docinhos?lol
JC

24/3/08 00:39  
Blogger Fatyly said...

O profeta
muito terno:)

Wind
Ao ler este livro, chorei pelas várias emoções tão familiares, o deambular pelas ruas do vazio. Angola era a única colónia que se previa ser independente com o pessoal todo, brancos, pretos e mestiços já que o governo em Portugal estava a preparar e quase, quase resolveu a questão com o MPLA e a unificação da UNITA/FNLA.
Mas em 1972/1973 o petróleo, ouro e diamantes falaram mais alto e foram infiltrados milhares de jovens oriundos de vários países e treinados em Marrocos para provocarem a chacina em massa salvaguardando os interesses das duas grandes potências. Resultado? Portugal, nomeadamente Rosa Coutinho & Compª que da sua proveta ancora da na baía de Luanda, sem sequer ter posto um pé em terra, fez, ordenou e apoiou o inevitável e para ficarem bem na fotografia abriram as portas de POrtugal.
Retornado é uma palavra dura, como duros e parvos foram muitos que vieram quer pelas atitudes que tiveram em destruir hóteis e afins e exigirem tudo aos familiares que há muito tinham abandonado. Seria preferíval que o governo de 1975 tivesse dado um X em dinheiro logo no aeroporto e vira-te.
Saimos com a dor descrita no livro e nunca me senti retornada nem tive qualquer apoio porque não baixei os braços e fiz-me à vida, fui até ao Brasil, voltei e fui fazendo trabalhos que muitos negavam até ingressar na banca que era privada, depois passou a pública e novamente privada.

Nunca ninguém relatou a realidade dos factos, mas já começaram a surgir quem conte a história na primeira pessoa:
- o programa do Furtado, não me recordo o nome, dado na RTP
- os massacres em África de Felícia Cabrita - não consegui ver as fotos por serem tão familiares
- e este que descreve tão bem o sentimento de impotência de quem abandona a sua terra devido a uma guerra.

Mas...onde param os da pide? onde param os acordes efectuados, quem?, como? porquê?...os cozinhados dos bastidores que ninguém conta...tal como a vergonha de Timor.

Já passou, trinta anos depois volto a repetir: obrigado a quem tenta dar uma imagem do que realmente se passou porque nós - brancos pretos e mestiços - figurantes de uma barbárie e ainda vivos vamos dizendo...afinal de contas tinhamos razão em não querermos sair, mas "escapar com vida" era a palavra do coração.

Júlio
é de facto uma grandiosa narrativa e cheia de emoção. Eu conheci bem Sá da Bandeira a terra onde a familia Magalhães ficou e que deu à soleta para Luanda...e as fotos ainda as mirei bem a ver se me via em alguma:))))))
Não Júlio não foi nada fácil e digo-te sinceramente...saí porque tinha uma filha de seis meses e pela oportunidade da "ponte aérea". Caso contrário ficaria como muitos que ficaram.
A minha revolta ainda sofrida e danada é contra os mandantes da guerra e do papel higiénico usado para colmatar os interesses absurdos e jamais contra os portugueses de cá que se viram a braços com milhares e milhares de pessoas que muitas delas provocaram a destruição dos seus bens - hóteis, pensões, casas - e que não mereciam, porque "quem recebe" deverá SER RESPEITADO pelos "que são recebidos".
A Páscoa foi boa e cada um almoçou na sua casa. Almocei com um casal amigo, depois fui brincar com as netas para a filha e genro irem a casa do pai dele "limpar" porque vão entregar a casa ao senhorio. Tive a surpresa da filha mais nova e do genro que puseram as gaiatas eléctricas.
Depois e porque a minha mãe não tinha a vizinha e amigas que a acompanhassem, e por receio fui com ela à missa das 19h (o meu irmão se fosse vivo fazia 51 anos e embora não coincidente no dia, o meu pai foi cremado num domingo de
páscoa). Estás a ver o espirito dela, sobretudo como mãe...não esquece jamais.
Enfim...um fim de semana a gerir sentimentos mas correu tudo bem. Não comi chocolates...mas amêndoas torradas xiiiiiiiiiiii:)))))))))))

Beijocas a todos e obrigado

24/3/08 08:54  
Blogger Carla said...

não imaginas o que senti quando comecei a ler o teu texto...ando há algum tempo a pensar em redigir algo sobre este tema. já comecei a escrever, rasguei os papéis, ordenei (e desordenei) ideias, mas parece-me tudo demasiado pessoal, demasiado escrito na primeira pessoa...e eu sei como isso pode ser falacioso!
mas mesmo assim e se não te importares um dia destes vou roubar-te o tema, provavelmente vai faltar-me a emoção que tu conseguiste transpor nos teus comentários, mas será mais um micro-testemunho
Espero que a Páscoa tenha sido bem docinha
beijos e boa semana

24/3/08 12:48  
Blogger peciscas said...

Foi um drama humano que ainda hoje deve doer muito a que o viveu.
Aqui fica a minha admiração por todos aqueles que, como tu, conseguiram "dar a volta por cima".

24/3/08 20:02  
Blogger Fatyly said...

Carla
A sinopse é do próprio livro...e digo-te que todos ele, baseado num romance conta tal e qual o estado das coisas e sentimentos de quem passou por elas.

Por isso custa-me tanto ouvir criticar quem procura refúgio noutros países, como o nosso...porque todos temos cú e quem tem cú tem medo:)

Sabes Carla que o mal da humanidade é ter receio de falar na primeira pessoa, conforme dizes no teu comentário, o que respeito mas não compreendo porque eu falo na primeira pessoa apenas do vivi, senti, ouvi e VI, sem nunca me ter importado com o que pudessem dizer, porque quem está no meio de uma guerra fica sem perceber nada de nada, fica de olhar opaco e as lágrimas secam. Falo apenas do que sei, e do que não sei...estou atenta e a pouco e pouco vou sabendo o que estava por detrás da cortina que puseram.

As imagens das guerras em curso em nada mudaram, porque no meio de tantos interesses é o povo que paga comendo o pão que o diabo amassou.

Sim, sempre que abordo o assunto é com emoção que falo...tal como dizer-te que estive ano e meio sem chorar, nem quando me despedi dos meus pais e irmão que lá ficaram... e quando aterrei às nove da manhã de 6 de NOvembro de 1975, do avião até à gare, sem as actuais mangas e mordomias que hoje já existem, a minha filha enrolada no cobertor do avião chorou, berrou por mim!
A sensação de chegares a um país onde nunca estiveste - sem nada, cheia de frio, corpo de fome, sem direcção, sem amigos e familiares...sem...sem...só mesmo quem passa por elas.

Quem sobrevive a tudo isto e grita para dentro - eu acredito e vou vencer quanto mais não seja pela minha filha - levanta a cabeça, luta, volta a sorrir e valoriza o essencial da vida: os sentimentos, já que os bens materiais podem-nos tirar...mas o meu sonho, esperança e sorriso ninguém, mas ninguém conseguiu roubar ou destruir.

Podes levar o que quizeres, porque eu não uso máscaras, mas gostaria de estar frente a frente com os que tentaram mascarar a vontade real de um povo. Alguns ainda estão vivos mas já bem velhos.

Força rapariga e todos os micro-testemunhos são necessários, porque só assim muitos renascerão das cinzas e darão cabo dos seus fantasmas.

A Páscoa foi boa e já está descrita no meu comentário anterior.

Beijocas sorridentes

24/3/08 20:07  
Blogger Fatyly said...

Peciscas

Como já respondi...roubaram-me tudo mas não me roubaram o sonho, a esperança e o sorriso, meio caminho andado para não deixar-me afundar...e a vida. Saí pela minha filha!

E eu sempre admirei, respeitei e sou amiga mesma de quem sempre me recebeu de braços abertos. Engraçado que nunca fui apelidada de "retornado" e ainda hoje digo que sou emigrante (gargalhadas).

Beijocas

24/3/08 21:33  
Anonymous Anónimo said...

É fantástica essa obra do Julio Magalhães, Fatyly!!!
Já vou a meio...e estou a adorar!!!

Deixo-te um beijinho cheio de ternura..para ti e para todos os que passaram por uma situação idêntica!!!
Cleo

24/3/08 23:51  
Blogger xistosa, josé torres said...

Eu sou do contra ... meu pai era do contra, mas não sou filho dum contrapai, pois isso seria conta-a-amão.
O meu avô era contramestre numa fábrica de contratorpedeiros ...

Tudo ... TUDO ... contra.

A "Fattyly" e outras "FATYLYS", como as minhas e meus cunhados, que estavam em Moçambique, podem ter razão ... mas ...
Há sempre um MAS ! ! !

Eu, quando fui mobilizado, faltavam-me 4 cadeiras do 5º ano de engenharia civíl.
Não me deram chances dum adiamento ...
Já trabalhava e ganhava 4750$00 por mês.
Embarquei, em "rendição individual", que significava que ia substituir, algures em algum sítio, quem tinha morrido, adoecido, evacuado, ou acabado a tropa, nas mesmas condições.
Ninguém pode calcular o que percorri, vi e senti em Angola.
Não nas grandes cidades.
Corri do ponto mais a norte, Miconge, em cabinda, ao mais a sul, Luiana.
Luanda, de que nunca gostei, Nova Lisboa, a minha 2ª cidade, depois do meu Porto.
Sá da Bandeira e a Nossa Senhora do não dei quantos, nunca me liguei a santos ou santas.
Moçamedes, onde tinha uns 2ºs primos, PRETOS, não negros.
Negros, para mim eram os negociantes de escravos, os negreiros e "outros".
Do Leste, nada me deixa saudades, a não ser a morte de alguns amigos, mas já esqueci ... foi há quase 40 anos.
Gostei de Cabinda, (cidade e enclave), onde estive 4 meses e onde me ofereceram 9600$00, para ficar a trabalhar, depois da tropa.
Sempre disse que Angola era para os ANGOLANOS PRETOS.

Só quem estava por fora da vida que se vivia por todo o lado, mas cujo limbo era um corrupio em Luanda, é que se apercebia da podridão em que assentava o poder.
No Cacuaco, uma cerveja, dava direito a um pires de camarão.
A cerveja custava 3$oo, para os militares e 3$5o para os civis. (nas cantinas militares, custava 2$50 e $50, era muito dinheiro)

Dormi muitas vezes fora do quartel, com uma ou outra negra.
Nunca escolhi uma que soubesse que era casada ... ninguém sabe como pode reagir um marido atraiçoado, se bem em que África fosse diferente.
Mas há sempre uma questão ética ...
O MEU PIJAMA, ERA UMA ÚNICA PEÇA. UMA CAMISA DO EXÉRCITO, com as mangas cotadas junto aos ombros e, MUITO IMPORTANTE, costuras e botões reforçados por mim, onde colocava seis granadas.
(em caso de barulho, era só puxar pelo corpo da granada, que a cavilha ficava presa na camisa e estava pronto a matar ou morrer!!!)

Assim nunca tive medo ... mesmo de dormir com a "mulher" do comandante "Ruas" da polícia do Catete.
Ninguém forneceu instrução aos nativos, nem era uma preocupação. A ignorância campeava, fruto de anos de terror praticado pelos brancos.
ISTO, MUITO ANTES de REBENTAR A GUERRA.
NEM CONVINHA QUE ELES SOUBESSEM ou SE APERCEBESSEM QUE AQUILO ERA DELES.
Pelo menos, ensiná-los a LER.
Era um mínimo.

A vida era um desenvolvimento da selva ... o macho cobria a fêmea, fosse em que situação fosse.

Os BRANCOS, sempre mais unidos e com conhecimentos, que desenvolveram, Angola e Moçambique, no mato, eram presa fácil dos negros.

Eu comandei um destacamento de 16 homens, onde havia duas sanzalas, (aldeolas de negros).
A escola, desde a pré-primária, até á 4ª classe era ministrada por "burros", como eu.
Um problema da 4ª que se fazia de cabeça, tinha maneira de ser explicado, não havia equações, nem regras de três simples.
Tive que aprender a ensinar ... estive 4 meses, o que é que aprenderam ????


Nas feiras, (acho que não era este nome, talvez mercados), os indígenas vendiam os seus produtos, café, feijão, mandioca e outros e eram pagos com gravatas, rádios, vermelhos, azuis, rosas, óculos de sol, fatos, vinho e aguardente ...

Eram estes os comerciantes que negociavam com os indígenas, quer em Cabinda, quer no Norte, estive perto de S. Salvador do Congo, 4 meses, Zala, Zalala, Nambuangongo, Quitexe, Carmona, Quibaxe, Serpa Pinto, Henrique de Carvalho, Mavinga, Serpa Pinto e sei lá que mais ... foi de Agosto de 1969 a Março de 1972.
Digam-me o que faziam os negociantes, mas olhos nos olhos ...
(ROUBAVAM - nem sei como posso descrever o primeiro mercado a que assisti.
Ao fim de meia hora, os comerciantes foram corridos a tiro e eu só andava com uma pistola.
Os madeireiros, que tudo invadiam para roubar as árvores valiosas que tinham dono, tiveram em mim um opositor.

Primeira coisa, como era zona de ... esqueci tudo ... guerra, não era assim dominada, já nem me recordo se lhe chamavam zona operacional, era algo parecido, foi um filme de terror que vi durante aqueles anos e mese, sei que só podiam circularr com escolta.
Sempre que algum se armava em esperto, levava fogo de G3 nos pneus ...
Queixaram-se ao comandante que me mandou chamar.
Simplesmente lhe disse que dada a natureza do local, só com escolta. Se estivessem dispensados, queria uma lista assinada por ele com a matrícula das viaturas que podiam circular.
Ainda a espero hoje.

Os outros, muitos e muitos que foram trabalhar honestamente e talvez fossem, talvez NÃO, eram a maioria, foram vítimas dos seus compatriotas.
Não podem culpar os Angolanos, Moçambicanos ou Guineenses.
ESSES só sabiam que eram explorados pelos brancos ... não distinguiam nomes nem profissões.
O RACISMO QUE EXISTIA (E AI DE ALGUÉM QUE ME DESMINTA ISTO !!!!!!!), pelo menos até 1972, teve que ter um fim.

Nunca ficaria por dinheiro nenhum.
Ainda hoje me encontro com um dos poucos amigos que voltou ...
ainda agradece não ter ficado na voragem do dinheiro fácil.


A ÁFRICA É DOS NEGROS !!!
O resto é uma MÁ AMÁLGAMA DE INTERESSES.

Eu compreendo a "FATYLY", e muitos milhares de FATYLYS, que trabalharam, num clima inóspito para europeus, para levarem uma vida melhor, que aqui era impossível e proporcionar aos negros que com eles conviviam também outra vida .

Tive lá quatro cunhadas, (em Moçambique)


Mas quem for crente, olhe para algo em que acredite e pondo os olhos no mundo, melhor, no mapa-mundi, tem de concordar comigo.
A ÁFRICA É DOS AFRICANOS ...
OS BRANCOS ACTUAIS SÓ LÁ ESTARÃO ENQUANTO HOUVER RIQUEZAS.

Os portugueses são um povo mais que hospitaleiro ... versátil e flexível ... abarcaram, não lhe chamo retornados, mas os apressados e até oriundos das colónias.
Bem ou mal, foram integrados e que se saiba, os que vivem em bairros e "guetos", não são provenientes dessas antigas colónias.
Veja-se o caso francês com a Argélia.
Ainda hoje há resquícios de mal-estar de guetos.

Quem semeou a violência não foram os pretos ... foram os "portugueses espertos2, que a partir de cerca de 1955 descobriram uma mina de ouro e escravos para trabalhar ...
as gerações vindouras é que foram penalizadas ...

Não digo mais.

Há cerca de dois anos, estive frente a frente. sem ele saber, com o autor de Angola ..., Traição e Morte, nem me recordo do nome do livro e muito menos do autor.
Estávamos seis e pude chamar-lhe mentiroso, pelo que escrevia.
Mas são dos dois lados da barricada.
Só consegui ver um bocado do 1º episódio que a RTP1 apresentou há pouco tempo.
A nossa tropa cometeu as piores tropelias, mas dois dos pretos que entravam na série, COMIGO, SÓ FAZIAM UM BOCADO DO 1º EPISÓDIO ...
acabava-lhes com a tosse nem que morresse na prisão.

Sei o que se passou, pelos sítios onde andei, nos Kimbos, fazendas, (dos brancos, onde cultivavavm café), sanzalas e palhotas isoladas, para alguns, "era tudo nosso" e emntão aqueles caçadores civis, em brutos jeeps, cheios de luzes, que tudo invadiam e nada respeitavam ...

Um nosso visitante, que tem andado fugido, tem um "amigo"-conhecido que escreveu, "Dembos - A Floresta do Medo".
Teve azar, porque no mesmo ano, mês, semana e dia, a minha companhia andava a abrir a picada que ele, (duma companhia de engenharia) diz que abriu e esteve debaixo de fogo, só que o inimigo lhe apontava as armas a ele por ser afro-europeu, ou europeu.afro.

Depois de ler o livro, já posso afirmar que estive em África e não vi um preto!!!!

Chega de gastar tinta.

Espero que não leia nada e que apague o comentário.
Nasci quase no dia mais pequeno do ano, mas sou um revoltado, sempre fui e vou morrer assim ...

Que a Páscoa tenha sido de acordo com os seus costumes e não selvaticamente como os meus.
Como as amêndoas de chocolate e deito o caroço fora!!!

Uma óptima semana.

(nem sei se tem erros.
Se os houver, penitencio-me e dou a mão à palmatória para uma reguada por cada!)

25/3/08 01:36  
Blogger Fatyly said...

Xistosa
Tudo o que descreves é verdade, a independência deveria ter sido dada em 1961 e falo apenas de Angola, porque dos outros não sei, não vi e nem sequer vivi.

África é dos Africanos e nós que nascemos lá entravamos nesse apelo, sem o racismo que existia por exemplo em Moçambique. Nos cafés, bares e restaurantes tanto serviam à mesa pretos como brancos. Fiz o curso comercial sempre com turmas de brancos, pretos e mestiços.
Nós éramos um todo e totalmente contra a ida de milhares de jovens para uma guerra maldita onde prevalecia os interesses dos mandantes da guerra. Éramos portugueses e quantos pretos e mestiços perfilados no exército desertaram por não obedecerem à chacina dos seus familiares e amigos?
A escolaridade era para todos mas nem todos iam porque tinham que ajudar os pais na lavoura. E cá? os da minha geração tiveram de deixar de estudar para ajudar os pais na lavoura e que eu saiba eram brancos.
África era e é dos africanos, mas as guerras estúpidas (como se houvesse alguma inteligente) inventaram o racismo, a falta de instrução etc, etc. para se desculparem perante a merda que fizeram mandando tantos jovens da metrópole que não faziam a mínima ideia do que era uma mata...e que ainda hoje dói relembrar a chegada dos mesmos ao porto de Luanda, irem para o Quartel general e Grafanil na estrada de Catete e para quê? para serem carne para canhão.

Concordo quando dizes..."quem semeou a violência não foram os pretos...mas os portugueses da metrópole que não abriram mão das suas poltronas de ouro e diamantes , daí voltar ao começo:

- a independência deveria ter sido dada em 1961 com todos nós no caldeirão e poder-se-ia ter evitado a "mancha negra e sofredora de tantos jovens caídos em combate por uma causa perdida".

O livro que referes não li e o programa do Furtado só me interessou a parte de Angola.

Enfim!

Beijos e obrigado pelo teu testemunho sofrido como militar e que infelizmente (como em todas as guerras) fizeram das suas e sobretudo deixaram uma geração de filhos da guerra, que se fizeram adultos deambulando pelas ruas e que hoje são os mais racistas de todos os racistas. Como em tudo há excepções.

Puxa vida...como dói!!!

25/3/08 09:02  
Blogger Odele Souza said...

Minha querida contadora de histórias, usando para isto retalhos da vida e que por isto mesmo faz com que te ler seja sempre um privilégio, uma delicia, mesmo que o assunto não seja dos mais alegres.

Passar emoções através do que se escreve é um dom que certamente o tens.

Te deixo um abraço e o meu carinho.

25/3/08 17:41  
Blogger Fatyly said...

Odele
Obrigado pelas tuas palavras, sempre doces e tão oportunas.

Beijocas carinhosas

26/3/08 08:37  

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