Ontem ouvi os Prós e Contras, na RTP1. Não tenho nada contra o futebol, apenas não gosto, não me dá gozo nenhum, não percebo nada, mas gosto de ver a "motivação" de milhares de pessoas e condeno veemente os excessos quando se tornam vândalos. Gosto também de ler e saber "os meandros dessa máquina" ou seja os jogos de bastidores.
Agora não me considero "anti-pátria" porque não pus e nem ponho na janela, no carro, numa t-shirt a bandeira portuguesa lembrada por Marcelo Rebelo de Sousa e outro e tão apadrinhada por Scolari em 2004 e agora em 2008 porque os "fervorosos" assim o entenderam, o que eu jamais condenei, condeno e condenarei.
Quando começa um jogo da selecção portuguesa, a única coisa que oiço e vejo é o hino nacional (fico arrepiada) e porque será que quase sempre focam o Eusébio que em sentido canta, mas em silêncio?
Não suporto ver é que devido a uma guerra desenfreada de audiências televisivas e imprensa escrita, todos falem da selecção, das cuecas de A ou B, meias, comida, se fizeram xixi ou não, isto e mais aquilo que até enjoa, num jornalismo de...nem tenho qualificação.
O futebol e sobretudo para a diáspora é um elo que os une ao seu país e quem sou eu para os criticar?
Também não acredito que o povo esqueça os problemas reais do país, mas sim aproveita a dar vazão ao que lhes apoquenta, gritando, pintando, pulando, acenando numa coesão com a qual concordo.
Tivemos, temos e teremos "bons", que cá ou lá fora são portugueses, Eusébio, Figo, Mourinho e tantos outros. Actualmente Cristiano Ronaldo é apenas o melhor jogador do mundo e tudo que se possa fazer à volta desta "mais valia" não é bom? Qualquer produto do mais simples ou complicado com a carita ou nome dele não darão uns tostões a mais em quem apostar na inovação?
O meu sonho, o meu acreditar será sempre transversal!
Voltando ao programa gostei de alguns intervenientes, sobretudo do mais jovem (não me recordo do nome, estava no palco) que disse coisas muito acertadas e com as quais identifiquei-me totalmente.
Os mais velhos são sempre a mesma coisa, dando o dito por não dito e voltam a repetir que espremido saí sempre a mesma gota: zero!
Captei e de certo modo penso assim:"O mal do português é lutar apenas pelo "possível", tal como obter um dez numa disciplina qualquer, quando poderia ter um 18.
O mal do português é ter medo de SONHAR E LUTAR pelo impossível não ACREDITANDO que é capaz, não VALORIZANDO o que tem de melhor e como tal não arrisca, não investe, não insiste, não luta, não procura, deixando ir por água abaixo esses valores por lapidar, mantendo-se no habitual e cómodo cinzentismo, sempre à espera que "tudo" venha ter com ele!
Deco é brasileiro, mas pelo valor que tem, adquiriu a nacionalidade portuguesa. Concordo em absoluto, mas também gostaria que todos os empregadores deste país o fizessem também para que quem procurou um futuro melhor no nosso país e se trabalha, deveria ser ajudado na legalização.
Quantas empregadas de limpeza trabalham tanto nas casas de muitos e os patrões nem sequer pensam nisso?
Quantos vieram na esperança de...e no de...foram aprisionados ou até apenas a sua documentação para nada poderem fazer?
Mas quando somos nós que ficamos reféns noutros países...aqui del-Rei!"
Quer queiram ou não, hoje estamos muito melhor que há 30 anos!
Quer queiram ou não, valorizamos sempre mais o vizinho!
Quer queiram ou não, somos cinzentos e lamechas!
Quer queiram ou não, comparamos tudo com o incomparável!
Quer queiram ou não, estamos numa crise e há formas de a contornar já que 80% dos automobilistas poderiam deixar o carro em casa e ir a pé ou de transportes públicos.
Quer queiram ou não, sou portuguesa com muito orgulho, embora made in Angola e continuo a não gostar de futebol, mas a gritar aos jovens do meu país para que não baixem os braços e procurem alternativas para sairmos da crise porque aposto e acredito nas pequenas empresas que todas juntas poderão marcar a diferença numa UE.
Porque temos grandes e reconhecidos cientistas, médicos, advogados, canalizadores, maquinistas, arquitectos, cozinheiros, pasteleiros, domésticas, agricultores, políticos (poucos), vinicultores, descarregadores, empresários, juízes, professores, auxiliares, camionistas, carpinteiros, serralheiros, varredores da rua, força policial, artistas, cantores, encenadores, voluntários por causas e em prol de quem sofre, bombeiros, ... mães, pais, avós, tios, primos...que
SE FIZEREM O QUE FAZEM COM GARRA E DEDICAÇÃO e SEM VERGONHA, com toda a certeza que Portugal meterá golo no seu desenvolvimento e marcará a diferença no raio da UE!
Ao olhar para fotos como esta...aí sim...deveriamos parar na berma da estrada da VIDA e pensar, mas pensar muito... sobretudo quando temos tudo ao nosso alcance!
(foto:Adam Nadel)